Associação Crescer Bem

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Isabel Ramos, Presidente

Sou cofundadora da Associação Crescer Bem e em novembro de 2023 aceitei, com muita honra, o desafio de assumir o cargo de Presidente.

A Crescer Bem é assumidamente a Famílias das Famílias que acompanha, com o propósito de as capacitar, facilitando a sua inclusão.

Ao abrigo do protocolo de cooperação de saúde entre o Estado Português e os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, chegam famílias com crianças com problemas graves e completamente desprotegidas. O nosso propósito é muito claro: oferecer-lhes suporte para que as crianças cresçam com dignidade, tornando-as jovens saudáveis, felizes e inseridos na sociedade.

Na Crescer Bem, acreditamos que cada criança merece um ‘futuro’ e, é com esse propósito que trabalhamos diariamente, com o apoio de colaboradores que são inexcedíveis, uma equipa de voluntários sempre disponível, um grupo prestigiado de mecenas e parceiros sempre prontos a dar uma ajuda aqui e ali!

Com a maior gratidão, agradeço a todos os que ao longo destes anos têm caminhado ao nosso lado, permitindo à Crescer Bem crescer e prosseguir com a sua missão: ‘Capacitar, em contexto de vida real, famílias com crianças para que cresçam com dignidade.

Podemos contar consigo?

Isabel Martins Ramos

História da Crescer Bem

A Crescer Bem nasce de uma necessidade identificada, quer pelos voluntários, quer pelo próprio Hospital D. Estefânia relativamente ao acompanhamento das crianças com problemas de saúde e com vulnerabilidade social. Assim, em Março de 2011 a Crescer Bem começa no Hospital D. Estefânia, com poucas voluntárias e, na altura, sediadas na Vivenda do Médico, logo à entrada do hospital; era um local maravilhoso, as voluntárias gostavam muito de lá trabalhar e formámos um núcleo onde se fazia o que era necessário pelas 2 famílias que apoiávamos.

Entretanto, estando nós a tratar da constituição da Associação desde Março de 2011, conseguimos registar a associação em Junho e no final do ano, em dezembro, adquirimos o estatuto de IPSS. Passados poucos meses da constituição legal da Associação, tivemos que mudar de local e foram-nos atribuídas duas salas nas antigas instalações da Maternidade Magalhães Coutinho, dentro do Hospital. Uma destas salas era a antiga sala de partos e não tinhas janelas. Alocámos aqui o armazém da roupa. A mudança da vivenda enorme, com enormes janelas, para este espaço exíguo teve um sabor um pouco amargo. Da outra sala fizemos o nosso escritório. E com esta mudança muitas das voluntárias deixaram de aparecer.

Mas a vontade de prosseguir este projeto continuava inabalável. Começámos por angariar mais voluntários fazendo crescer a Crescer Bem. Esta era uma associação que na altura capacitava famílias com crianças até aos 6 anos e apenas mais tarde se percebeu que, estando num hospital pediátrico faria sentido alargar o atendimento até aos 18 anos, idade em que se é considerado adulto.

Queríamos e queremos capacitar estas famílias, em contexto de vida real, porque elas não conhecem a cultura portuguesa e é absolutamente fundamental que a aprendam para que consigam inserir-se na sociedade portuguesa, onde agora vivem. A inserção é sempre um processo difícil que é agravado pela condição física das suas crianças, que em geral têm, todas, questões de saúde muito complicadas. E perante este cenário o nosso propósito é proporcionar o maior bem-estar possível intervindo de variadas formas.

Inicialmente, o nosso portfolio era composto pelos projetos: Apoio Domiciliário e Despensa Solidária, com a entrega de bens alimentares não perecíveis e bens de higiene. A entrega dos bens de higiene tem a chancela da empresa Unilever Fima, que desde o primeiro dia é nosso parceiro. A importância dos bens de higiene surge aquando das visitas ao domicílio em que se evidencia à família o papel importante que a higiene representa.

As famílias são referenciadas pelos Serviços Sociais dos hospitais com quem a Crescer Bem trabalha; sendo que o primeiro foi Serviço Social do Hospital D. Estefânia, com um diagnóstico traçado e uma intervenção identificada, que era colocada em prática pelas voluntárias da Crescer Bem. Mais tarde, estas visitas eram também acompanhadas pela Assistente Social da Crescer Bem, papel que existe na Associação desde 2013, o único posto de trabalho nessa altura. Com estas visitas, dávamos apoio na arrumação da casa, na procura de emprego, na inserção da criança na escola pública, e tantas outras necessidades identificadas como ensinar a ir ao supermercado porque, por exemplo, a criança tinha uma questão qualquer de saúde e não podia comer determinados produtos, sendo muito importante ensinar a mãe ou o pai nas idas ao supermercado; ajudar no apoio da língua portuguesa, porque grande parte das famílias são oriundas dos PALOP. A Crescer Bem surge como um porto de abrigo, um ombro amigo que os escuta sem qualquer tipo de preconceito e juízo de valores, em situações muito desafiantes e preocupantes das suas vidas.

Surge, depois, a Farmácia Solidária, para satisfazer necessidades no momento da alta hospitalar, porque muitas famílias não têm capacidade financeira para pagar a medicação. Assim, a Crescer Bem decidiu criar um Fundo Solidário para apoiar na compra de medicamentos e alimentação especial, material técnico (cadeiras de rodas, muletas, cadeiras de banho, etc).

Entretanto, é identificada a necessidade de distribuir pequenos-almoços e de criar uma lavandaria, dois novos planos de atuação que a Crescer Bem implementa para dar resposta aos internamentos prolongados. Os pais das crianças com este tipo de internamentos, têm direito às 2 refeições base do dia (almoço e jantar) ficando a lacuna do pequeno-almoço, que em determinado momento a Crescer Bem decidiu colmatar. A Lavandaria Solidária, serve o mesmo público-alvo com o propósito de manter condições de higiene para quem tem internamentos prolongados, ficando semanas, meses e até anos a viver numa enfermaria. As mães ou os pais agendam e usufruem deste serviço.

À medida que o tempo foi passando, fomos também identificando que a inserção da criança num estabelecimento de ensino, por si só, não era suficiente porque a criança e as famílias que nós acompanhamos têm uma iliteracia muitíssimo elevada e, portanto, estas crianças acabavam por não conseguir chegar mais longe nos estudos, porque não têm ninguém que as apoie. É, assim, criado um apoio semanal de voluntários, que inicialmente era presencial. Tínhamos muito poucos alunos. Quando a pandemia se instalou, o apoio a estas crianças teve de ser repensado. Resolvemos, então, adquirir computadores portáteis, hotspots e iniciar angariação de voluntários que, de uma forma virtual, acompanham o aluno nas várias matérias. Esta alteração teve uma consequência muito interessante: antes da pandemia a Crescer Bem tinha cerca de 7 ou 9 explicandos e em 2023 tivemos 62! Acabamos, também, por alargar este apoio às outras crianças que vivem no mesmo lar, expandindo o nosso raio de ação. O Projeto Educativo, é, de facto, uma ferramenta fundamental para as nossas crianças, tentando incutir-lhes a importância do ensino da cultura, tentando fazê-los ver que, sem educação não é possível evoluir.

No Projeto Educativo, estão incluídos 2 eventos anuais que se realizam no Dia da Criança e a festa de Natal. Nos últimos anos decidimos que fazia sentido mostrar a estas crianças e a estas famílias, que a educação vai para além da escola. Neste sentido, a Crescer Bem tem organizado idas ao teatro e visitas a museus. Estas propostas foram sempre muito bem acolhidas pelas crianças e pelos pais.

Em 2024, percebemos que era importante incentivar os pais a adquirir competências. O prémio BPI Fundação La Caixa, permitiu-nos avançar com o projeto “Educar para Transformar”. Esta formação vocacionada para os pais tem uma duração de 4 meses e é composto por temas como formação cívica, gestão familiar, gestão doméstica, ensino da língua portuguesa e TIC. A 1ª edição terminou no passado mês de junho. É uma formação com uma vertente prática muito acentuada. Os alunos foram ao supermercado, com o propósito de aprender a comprar bem (olhando para as promoções, para a oferta e saber tomar decisões de compra responsáveis), aprenderam a utilizar os transportes, aprenderam a baixar uma aplicação do telemóvel (ver os horários dos transportes), aprenderam a passar a ferro, a pôr uma mesa, a fazer uma cama (habilitando-os para trabalhar como empregados domésticos ou em hotéis), a fazer uma sopa, e até ficar a saber os nomes do tachos ou das frigideiras que são completamente diferentes nos seus países de origem. Parecem situações óbvias, mas não o são para estas famílias com outro tipo de costumes. Esta formação pretende ser mais um ponto de inclusão na sociedade portuguesa. Por último e não menos importante, criámos o Projeto das Enfermarias. Desde 2023, temos voluntárias nas Enfermarias que estão preparadas para fazer o que for necessário de acordo com a equipa de saúde – enfermeiros e médicos. Este apoio pode ir desde um simples colo, ler uma história, ajudar nas refeições até ao dar espaço a uma a mãe ou a um pai para ir apanhar um pouco de ar, tomar um café, tomar um banho…ou tomar conta de uma criança, durante o dia, quando o pai ou a mãe têm de ir trabalhar.

As mãos nunca são muitas!

Cada ato de generosidade e dedicação contribui para criar um mundo melhor e mais solidário. Continuemos juntos, fortalecendo nosso compromisso de ajudar aqueles que mais precisam.

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